“Nada melhora a minha dor”.
Quem sofre de dor crônica (aquela dor que tá ali quase todo dia e que já dura meses) sabe como ela é capaz de acabar com a qualidade de vida de uma pessoa. Mal humor, irritabilidade, ansiedade, insônia, raiva, depressão…
Um erro comum é tentar acabar com a dor tratando apenas a causa física dela, ou seja, fazer com que aquele local que está doendo (por qualquer que seja a doença) pare de doer utilizando uma série de medicamentos. Faz sentido, né? Mas então por que algumas vezes não funciona? Porque isso é simplificar demais a dor, é tratar só um pequeno componente dela, só a ponta do iceberg.
Há mais de 40 anos surgiu o conceito de que a dor não é apenas um fenômeno físico, mas sim um sintoma com dimensões EMOCIONAIS, SOCIAIS e ESPIRITUAIS. É a chamada DOR TOTAL, um conceito que médicos especialistas em dor e em cuidados paliativos dominam há muito tempo, mas que outras especialidades acabam negligenciando.
Por que será que duas pessoas com exatamente a mesma doença podem sentir dor com intensidades tão diferentes? Por que para uma pessoa uma dor pode ser totalmente tolerável e para outra pode ser insuportável? Porque a dor gera sofrimentos emocionais, sociais e espirituais que são INDIVIDUAIS. O impacto que ela provoca em cada pessoa é ÚNICO, mesmo que o mecanismo da dor seja igual.
Por trás de uma dor pode haver ansiedade, medo do sofrimento, medo de morrer, depressão e experiências negativas de adoecimento. Pode haver medo de perder o emprego ou não poder trabalhar, preocupações financeiras e preocupação com o futuro da família. Pode haver medo do desconhecido, raiva do destino ou de Deus, perda da fé…
Tudo isso deve ser identificado e tratado. Sem o alívio desses sofrimentos uma dor nunca será plenamente tratada.